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Eficiência Energética / Energy Efficiency - Projeto revista AU - 220 Jul'12


     Achei otimo esta reportagem publicada na revista AU 220 de Jul'12 sobre a sede da ONG em Montreal, o suo de materiais reciclados e principalmente o detalhamento do projeto que proporcionou um excelente conforto térmico e como foi pensado, vale a pena ter esta reportagem arquivada como fonte de pesquisa energética e conforto térmico, microclima etc.

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Sede de ONG em Montreal, edifício maximiza a eficiência energética e conta com recursos para conseguir a certificação Leed Platina

Por Juliana Nakamura


fotos Bernard Fougères
Com sede em Montreal, no Canadá, a Équiterre é uma organização sem fins lucrativos que milita em prol do desenvolvimento sustentável. Nada mais natural do que a sua sede, inaugurada em maio de 2012 no centro da maior cidade de Quebec, incorporasse soluções prediais inovadoras que reduzissem ao máximo o impacto ambiental da construção. Batizado de Maison du Développment Durable (MDD), o edifício foi projetado pelo escritório de arquitetura canadense Menkès Shooner Dagenais LeTourneux Architectes (MSDL) com cuidados para receber o nível mais elevado do selo Leed: o Platina. O processo no Green Building Council (GBC) ainda levará dois anos para ser finalizado.
Com escritórios, restaurante, creche e sala de conferências, a construção, erguida no centro da cidade, é uma vitrine de tecnologias e sistemas de construção sustentáveis para que o edifício seja mais eficiente, principalmente, com relação ao consumo de energia. O recurso que mais se destaca é o sistema de geração de energia por geotermia, baseado na troca de calor entre o solo e a edificação com dutos que descem pelo solo a 150 m de profundidade. "Embora a geotermia demande energia para a operação das bombas, o saldo é positivo. Para cada unidade de energia que o sistema consome são geradas outras quatro unidades", revela Ricardo Leoto, arquiteto brasileiro radicado no Canadá que trabalha como consultor para o Équiterre na área de arquitetura sustentável.
O prédio possui soluções que diminuem as transferências de energia entre o interior e o exterior, como a fachada de vidro triplo low-e associada às câmaras de gás argônio e a cobertura verde integrada ao sistema de captação e uso de águas pluviais.
De acordo com os arquitetos, o edifício supera os requisitos canadenses de resistência térmica em 16% nas paredes e em 62% no telhado. Isso graças a um rigoroso trabalho para eliminar ou minimizar o impacto das chamadas pontes térmicas, pontos da edificação mais suscetíveis a comprometer a estanqueidade e o isolamento térmico, como colunas, pregos, tubos, vigas ou lajes de concreto. Uma empresa foi especialmente contratada para revisar os detalhes do invólucro do edifício e recomendar as melhorias necessárias. Além disso, simulações de desempenho energético definiram as características e localização das janelas.
O processo de projeto de forma integrada permitiu que os diversos membros da equipe desempenhassem um papel mais ativo nas fases iniciais. "A abordagem tornou possível identificar os principais desafios logo no início", explica Ricardo. Na prática, isso se refletiu em mais de 54 reuniões interdisciplinares durante a primeira das duas etapas de desenvolvimento do projeto, de setembro de 2006 a setembro de 2007. A equipe, que trabalhou sobre plataforma BIM, foi composta pelos arquitetos do escritório MSDL, por representantes do Équiterre, por engenheiros das áreas de mecânica, elétrica, estruturas e construção civil, por especialistas em desenvolvimento sustentável e por consultores técnicos.
fotos Bernard Fougères
PARQUE AO LADO
Com piso permeável e iluminação de led, o parque de 1,3 mil m², ao lado do MDD, também contribui na pontuação para que o prédio consiga a certificação Leed Platina. "Apesar de o parque não pertencer ao prédio, ele consta no nosso quadro para pontuação Leed para área verde. Pudemos fazer isto porque os terrenos do parque e do MDD são propriedades da Hydro-Quebec (concessionária de energia)", explica o arquiteto. O parque se destaca pelo piso 100% permeável estruturado em grelhas de alumínio a 30 cm do solo, onde os pedestres podem caminhar. Feito de material reciclado, o recurso permite que a água penetre no piso até o solo, seguindo o seu percurso natural. A iluminação pública é feita por postes de led orientados para o piso.
CLIMATIZAÇÃO PELO PISO
O piso elevado conta com um sistema de climatização que permite aos usuários individualizar a temperatura e ter acesso ao ar insuflado pelo piso a baixa velocidade. Além do conforto, a vantagem da solução é reduzir as perdas energéticas em torno de 15%. Isso porque a distância percorrida para o ar (quente ou frio) chegar aos usuários sentados nas áreas de trabalho é menor, em comparação ao ar insuflado pelo teto.
MADEIRA RECICLADA
O uso de materiais reciclados não depende apenas da vontade dos especificadores, mas também de um grau de articulação mínimo de toda a cadeia produtiva. No MDD, a escada e a rampa de acesso ao primeiro andar foram revestidas com madeira reciclada - resultado de uma complexa operação de reaproveitamento de materiais.
A região de Quebec é grande produtora mundial de madeira e, embora utilize atualmente rodovias para o transporte das toras extraídas, no passado utilizou bastante o transporte fluvial. Calcula-se que, nesse período, cerca de 10% da madeira transportada tenha se perdido no fundo dos rios canadenses. Hoje, algumas empresas se dedicam a localizar essas madeiras (muitas submersas há décadas) e a capturá-las para tratá-las e destiná-las a novas aplicações - caso do revestimento da escada e da passarela do MDD.
No projeto, também foram especificadas tintas isentas de compostos voláteis, tampos de cozinha com 95% de vidro reciclado e concreto com teor de cimento reduzido (20% do cimento foi substituído por cinza volante ou fly ash). "A regra para a construção do edifício era uma utilização mínima de materiais", conta a arquiteta Anik Shooner, sócia do MSDL. Anik ressalta que a porcentagem de material reciclado utilizado na construção do edifício foi de mais de 18%. Além disso, 35% dos materiais empregados foram obtidos localmente e a porcentagem de resíduos reciclados durante a construção passou de 90%.
DADOS DA OBRA
ÁREA DO TERRENO 1.372,5 m²
ÁREA CONSTRUÍDA 6.389 m²

FICHA TÉCNICA
PROMOTOR Equiterre
ARQUITETURA Menkes Shooner Dagenais Letourneux
ENGENHARIA MECÂNICA E ELÉTRICA Bouthillette Parizeau
PROJETO ESTRUTURAL Pasquin St-Jean
GERENCIAMENTO Services CGP - Sylvain Grand'Maison
CONSTRUÇÃO Pomerleau
CONSULTORIA LEED Lyse M. Tremblay
PROJETO DA FACHADA Menkes Shooner Dagenais Letourneux Architects
ESQUADRIAS Gamma
PROJETO DA COBERTURA VERDE Menkes Shooner Dagenais Letourneux Architects
FORNECIMENTO E INSTALAÇÃO DA COBERTURA VERDE Hydrotech Membranes
PROJETO DA PAREDE VERDE Menkes Shooner Dagenais Letourneux Architects
FORNECIMENTO E INSTALAÇÃO DA PAREDE VERDE Nedlaw Living Walls
PROJETO DE GEOTERMIA BPA-Bouthillette Parizeau
SISTEMA DE GEOTERMIA Pomerleau
FUROS PARA GEOTERMIA Geopros

Bernard Aussi
fotos Bernard Fougères
fotos Bernard Fougères
Projetado para receber o selo Leed Platina, edifício MDD incorpora soluções que diminuem as transferências de energia entre o interior e o exterior, como a fachada de vidro triplo low-e associada às câmaras de gás argônio, cobertura verde integrada ao sistema de captação e uso de águas pluviais e parede verde que purifica o ar da construção

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